Arqueteiro de violino

arqueiroPara tocar violino, além de dom musical, é preciso um bom instrumento e um excelente arco — vareta fininha que é friccionada contra as cordas. Existem versões sintéticas, em policarboneto, mas o tradicional é o arco de madeira feito artesanalmente.

O arquiteto Daniel Lombardi, 64 anos, de São Paulo, largou as grandes obras porque se apaixonou pelo ofício manual, que aprendeu com o pai, autodidata, e aprimorou na Universidade Luterana da Califórnia, onde a técnica é bem desenvolvida. Lombardi afirma que foi ele quem deu o nome nacional da atividade: arqueteiro. “Vem do termo em inglês ‘bow maker’, a palavra existe também em francês e italiano, mas não tínhamos tradução para o português.”

Tudo começa com a escolha da madeira. É possível fazer arcos a partir de cumaru, ipê-roxo ou amarelo, por exemplo. Lombardi pega uma tora da madeira e, com uma plaina (ferramenta de corte), faz ripas e, logo, varetas. Usa, então, um aparelho de raio-X para testar a elasticidade do material, que varia de acordo com a velocidade com que os raios atravessam a madeira. Em seguida, mergulha o pedaço da matéria-prima em um recipiente com água, e, a partir da quantidade de líquido deslocado, calcula a densidade. Essa parte científica define se o material é adequado. “Às vezes, testamos uma madeira e achamos que é boa. Quando começamos a cortar, descobrimos nuances que a deixam ruim.”

Depois das provas, o material é curvado com fogo. Em seguida, com raspadeiras e lixas, faz-se o acabamento. Lombardi leva de três a quatro dias para confeccionar um arco, que dura até 100 anos. Depois de pronto, prende-se a ele a crina — espécie de corda que vai ser friccionada contra o instrumento. Somente quando o violino é tocado por um músico é que se tem garantia de que tudo ficou bem feito. O capricho nesse ofício é quase sem fim. “Vou passar a vida toda sem conseguir o arco perfeito.”

FONTE:  http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/1,,EMI331595-18538,00.html

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